Arnaldo Antunes – Ao Vivo no Estúdio (2008)

julho 13, 2008 at 5:13 pm (Arnaldo Antunes, Música Brasileira)

Disco do grande poeta lançado no início de 2008. O texto que segue é do próprio.

Quando comecei a conceber o disco Qualquer, em 2006, tinha a intenção de gravá-lo num show, em DVD. Já era então um desejo antigo, mas como não pudemos viabilizar a tempo a produção para esse projeto, optei por gravar apenas o CD, em estúdio mas praticamente ao vivo, com todos os músicos tocando juntos, ao mesmo tempo.

Qualquer foi lançado em setembro do ano passado e, em outubro, estreávamos o show. Adaptamos os arranjos do disco (todo gravado apenas com instrumentos de cordas e piano) para a formação de um trio, composto por Chico Salem (que também havia participado da gravação do disco), nos violões de aço e nylon; Betão Aguiar, na guitarra e violão de nylon, e Marcelo Jeneci, nos teclados e sanfona. Creio que conseguimos recriar a atmosfera do disco, com algumas novidades de timbres e levadas. Talvez a mais marcante delas seja a presença da sanfona e dos teclados elétricos, em lugar do piano.

Aos poucos, a sonoridade foi ficando mais coesa, com os diálogos entre os instrumentos tecendo uma feição própria, de banda, o que me estimulava ainda mais a querer gravar o show em DVD.

Além das músicas do Qualquer, rearranjamos várias outras de meu repertório, trazendo-as para esse contexto sonoro mais intimista, sem bateria ou percussão. Em algumas, mudei o tom em que havia gravado originalmente, para aproximá-las da forma de interpretação menos gritada, mais grave, na região mais natural da minha voz. Entraram O Silêncio, Saiba, Pedido de Casamento, Judiaria, Socorro, Se Tudo Pode Acontecer, Fim do Dia, entre outras (dos álbuns Ninguém, O Silêncio, Um Som, Paradeiro e Saiba [NdE: Só faltaram músicas do primeiro solo Nome e do feito para o balé O Corpo.]), incluindo releituras de Não Vou Me Adaptar e O Pulso, canções de minha época nos Titãs.

E ainda versões de Bandeira Branca (Max Nunes e Laércio Alves), que eu havia gravado para a trilha sonora do filme Gêmeas, a convite do diretor Andrucha Waddington, em 1999 (aqui mesclada, por uma certa conjunção poética, com O Buraco de Espelho), mas que não havia sido lançada em disco, e de Qualquer Coisa, de Caetano Veloso. Essa última escolha foi motivada pelo fato de eu estar fazendo um show intitulado Qualquer (assim como o CD), no qual há, além da faixa-título, uma música intitulada As Coisas (parceria minha com Gil, gravada por ele e Caetano em Tropicália 2 e regravada por mim no Qualquer), além de Socorro (parceria com Alice Ruiz), cujo refrão diz “Qualquer coisa que se sinta…”. Para mim, era como se o Qualquer Coisa do Caetano já estivesse sobrevoando e eu apenas decidisse deixar ele pousar. O caminho peculiar que o arranjo foi tomando nos ensaios, bem diferente da gravação de Caetano, também me animou a encarar essa releitura.

Nunca tive tanto prazer em cantar como nesse show. A sonoridade se adequou muito bem à intenção que eu queria imprimir no canto, mais sereno, saboreando cada sílaba. O resultado parece evidenciar as próprias canções (e a compreensão mais clara das letras), sem perder uma vibração, inevitável para mim, na atitude como sou levado a me comportar no palco. Herança do rock ‘n roll.

Após um ano de estrada com o show Qualquer por muitas cidades do Brasil, finalmente surgiu a oportunidade de registrá-lo em um DVD. Para nós era perfeito, pois tivemos tempo de ir aprimorando os arranjos, experimentando mudanças no roteiro, azeitando a máquina.

Mas não queria fazer apenas mais um registro de turnê. Achava que essa era uma oportunidade de criar algo especial para a linguagem do vídeo. Aí pensamos em voltar para o estúdio e, invertendo a maneira como havíamos feito o disco (no estúdio mas ao vivo) propusemos gravar um show, com público, mas no estúdio (onde teríamos condições muito favoráveis de captação de som e imagem).

O Mosh entrou na parceria, oferecendo a sala de seu estúdio A para a gravação, além de toda a estrutura para a finalização (mixagem, edição, masterização e autoração).
Gravamos para uma pequena platéia de cinquenta pessoas, sentadas no chão do estúdio, ao nosso redor. A sala da técnica, separada da sala de gravação por um vidro, acabou fazendo parte da cena.

O show já tinha um vídeo, criado por Marcia Xavier e Doca Corbett, todo em preto e branco, que funcionava como um cenário em movimento, e os figurinos, criados por Marcelo Sommer, eram todos em diferentes tons de cinza. Como já tínhamos nos apegado a esse ambiente, muito adequado para o som que vínhamos fazendo, pensamos em produzir o DVD todo em preto e branco.

Para dirigir, chamei Tadeu Jungle, que já havia dirigido dois de meus clipes (Poder e O Silêncio) e com quem tinha há tempos o desejo de fazer um trabalho de mais fôlego em vídeo. Propus trabalharmos com um conceito de luz e fotografia bem contrastadas, que se afastasse da textura dos programas de televisão e se aproximasse da estética do cinema expressionista alemão do início do século passado. Convidamos Marieta Ferber para criar o cenário, que ficou bem bonito e apropriado ao clima que buscávamos.

Como esse é meu primeiro DVD (e CD) gravado ao vivo, quis que ele fosse bem representativo de minha carreira, de uma maneira geral. Ampliei um pouco a panorâmica que o roteiro dá sobre o meu repertório, incluindo algumas outras canções, além de uma inédita (Quarto de Dormir, parceria minha com Marcelo Jeneci).

E convidei para participarem alguns artistas amigos que foram importantes nesses 25 anos de carreira. Com Nando Reis cantei Não Vou Me Adaptar, que gravamos juntos com os Titãs (no disco Televisão e, posteriormente, no Go Back, ao vivo em Montreux) e que ele incluiu depois em seu repertório solo. Com Edgard Scandurra fiz Judiaria (de Lupicínio Rodrigues, que gravamos juntos no álbum Ninguém), quase toda apenas com voz e guitarra. Com Branco Mello cantei Eu Não Sou Da Sua Rua, parceria nossa dos anos 80, que havia sido gravada por Marisa Monte em 91 e que eu regravei no Qualquer.

Com as presenças de Branco e de Nando estava bem representada minha fase nos Titãs. Com Edgard, parceiro que participou de todos meus discos; minha carreira solo. Faltava minha outra banda, Tribalistas. Carlinhos e Marisa atenderam ao meu chamado, e veio também Dadi, que gravara conosco, para fazermos duas músicas daquele repertório – Um a Um e Velha Infância.

O resultado está aí.

Espero que quem veja e ouça se divirta tanto quanto nós, ao gravá-lo.

(texto de Arnaldo Antunes) 

Site: arnaldoantunes.com.br

 

 

Confira esta pérola: http://rapidshare.com/files/74755519/Arnaldo_Antunes.rar

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Violins – A Redenção dos Corpos (2008)

junho 22, 2008 at 12:19 pm (Música Brasileira, Violins)

 

https://i0.wp.com/img211.imageshack.us/img211/7531/rdcpn5.jpg

O bem e o mal são uma dualidade presente há muito nos discos da Violins, assim como o som um tanto melancólico. Mas a banda goiana de rock incutiu um elemento novo em forma e conteúdo em A Redenção dos Corpos (Monstro Discos), quinto CD que o quarteto exibe hoje em show no Bolshoi Pub. O CD será levado ao palco na íntegra pela primeira vez, mas já ganhou de forma inédita no cenário roqueiro do Estado um lançamento oficial no portal MySpace, a principal vitrine musical da internet.

O novo álbum da Violins traz novidades em forma porque, numa das duas partes, o repertório é permeado por programações eletrônicas viajantes, na escola batizada de trip hop, de bandas como Portishead e Massive Attack. E o conteúdo de mal-querências da humanidade que o grupo sempre cantou tem agora uma temática espiritual, religiosa mesmo, mas com alta carga de questionamentos. Dúvidas, no dizer de Beto Cupertino, guitarrista, cantor e letrista da banda. “Sempre achei estranha essa coisa de existir muitas religiões, muitas igrejas e a mediação delas entre a fé e os homens. Há algo errado quando se tem tantas verdades em nome de uma coisa só, mas não nego a existência e até a necessidade de espiritualidade das pessoas”, comentou o músico, que tem especialização em Filosofia.

A maioria das 14 novas faixas trata da relação homem e fé, mas nunca por um prisma contemplativo. Os títulos sugerem que tipo de versos “religiosos” Beto Cupertino canta em duas partes sonoras distintas no álbum: A Guerra Santa, Entre o Céu e o Inferno, Padre Pedófilo, Longo Karma. Até a sétima faixa do disco (Manobrista de Homens, de um refrão curto e poderoso), a Violins mostra um som que, segundo Beto Cupertino, foi pensado inicialmente para ser feito apenas de violão e voz.

São músicas sem guitarra distorcida, de melodia conduzida por um violão acústico (de Cupertino) ou por um piano inspirado de Pedro Saddi (condutor também das belas ambientações programadas). A cozinha entrosada de Thiago Ricco (baixo) e Pierre Alcanfor (bateria) completam um conjunto que exibe a Violins em sua melhor forma e com o disco mais bem resolvido da carreira. Na segunda parte do CD está a parte banda do repertório, com todos interagindo juntos e retomando a levada emulada do rock inglês que faz a fama do quarteto. Na produção, voltaram a contar com Gustavo Vazquez.

Beto Cupertino diz que não foi pensando no episódio Radiohead (que propôs aos fãs a compra de seu último CD pela net), mas, antes de receber o convite de Luiz Cesar Pimentel (editor do MySpace Brasil), a Violins já tinha disponibilizado todo o disco em seu site para os fãs. A estratégia foi colocar uma faixa a cada 24 horas para download gratuito durante duas semanas de fevereiro. Ela acha A Rendenção dos Corpos o disco melhor divulgado da discografia por ora.

Edson Wander

Confira: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=kuoi2342008175222

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Cotidiano

junho 16, 2008 at 4:16 pm (Música Brasileira)

Este blog está devagar, quase parando?????? É quase verdade. Ele caminha na medida das possibilidades oferecidas pelo cotidiano atropelante de quem se meteu com o que não devia e não tem jeito de fugir às exigências das consequências de seus atos. A vida é isso mesmo. Diferente disto, só se eu postasse aqui meus trabalhos da universidade, o que não seria má idéia, pois só assim pra alguém ler os meus argumentos e subterfúgios. Se é que alguém iria perder seu tempo. Pois não se pode levar a sério nada que provenha de uma universidade. É proíbido falar a sério na universidades, sobretudo sobre os mais sérios temas. Enfim… postarei o mais recente album desta incrível banda, Violins. O nome do album é A Redenção dos Corpos, e teria sido dos Porcos. E eu que sempre gostei desse anagrama.

 

 

 

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Violins – Tribunal Surdo (2007)

maio 19, 2008 at 10:35 am (Música Brasileira, Violins)

Em seu 3º disco, o Violins apresenta uma série de novidades. A começar pela formação da banda que passa agora a ser um quarteto, regido apenas por uma guitarra. Tribunal Surdo é, sem dúvida, o disco mais sólido da carreira da banda. Nele são narrados de forma explícita e visceral os conflitos diversos que povoam o imaginário popular e o cotidiano urbano de cidades caóticas. Marginais em seqüestros relâmpagos, maridos bêbados batendo em esposas, soldados perdidos em guerra, grupos de extermínio disseminando ódio, loucos sendo arrastados para hospícios… tudo em músicas diretas, construídas com arranjos enxutos que privilegiam a guitarra.

 

Confira aqui ->http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=djcd1152008211424

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Violins – Grandes Infiéis (2005)

maio 11, 2008 at 9:26 pm (Música Brasileira, Violins)

Violins…

Pois não ando ouvindo outra coisa mesmo ultimamente. E como estou bem sem tempo de escrever vou na velha história do Ctrl + C Ctrl + V mesmo, e é claro, com os devidos créditos. Esta resenha foi retirada do site http://www.screamyell.com.br . Na verdade eu recortei-a pois não concordava com as críticas que existiam com relação aos trabalhos anteriores da banda. Virei fã mesmo. Mas não é a tôa. É só dar uma chance e o som da Violins fisga qualquer ser musicalmente obstinado. Em breve os outros dois discos da banda. Aguardem…

//www.screamyell.com.br/musicadois/violins_infieis.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

Grandes Infiéis, o terceiro álbum da banda Violins, lançado novamente pela Monstro Discos, clama por atenção. Uma audição das doze faixas já deixa o ouvinte confuso, seja ele fã da banda ou alguém que não dava a mínima atenção ao quinteto. O Violins novamente muda de rumo e preenche o CD com doses violentas de guitarradas, bateria pesada marcando o ritmo e fazendo variações, baixo forte e, sobre tudo isso, o bom vocal de Beto Cupertino desfilando as melhores letras do rock nacional em muito, muito tempo.

A influência primordial ainda é o Radiohead, mas o Violins consegue construir melodias fortes e empolgantes que conseguem baixar a luz sobre a influência e iluminar o bom repertório de um disco que soa musculoso, violento, bem escrito e extremamente antipopular. Sim, antipopular. Primeiro pela temática tabu (traições, infidelidade, mentiras) e depois pela qualidade das letras, que funcionam mesmo sem a melodia. Num País em que Paulo Coelho é recordista de vendas de livros, ser um bom escritor pode não ser lá altamente popular.

Porém, Grandes Infiéis está no nível de outros álbuns antipopulares, como por exemplo Ok Computer e Yankee Hotel Foxtrot, discos difícieis demais para a grande massa, acostumada a quem rima “amor com dor”, mas pequenas obras primas de um mundo hiper-maxi-pessoal-e-minusculo: o dos grandes discos de rock, pequenas jóias musicais. Grandes Infiéis é um trabalho fechado e completo que já se destaca pela belíssima capa, que traz o desenho de uma gaiola aberta, sem o nome da banda nem foto nem título.

Grandes Infiéis abre com duas cacetadas: Hans e Il Maledito. A primeira é explosiva e traz uma parede de guitarras que serve para ambientar o ouvinte pelo que será ouvido nos próximos 44 minutos. “Todos já viram a loucura pura / Eu quis beber pra então sorrir / Mas a dose me fez trair”, canta Beto Cupertino. A bateria de Pierre parece querer disputar destaque com a guitarra de Léo. Il Maledito destaca uma das melhores letras do álbum e uma levada que parece demonstrar que a banda anda ouvindo muito Queens on The Stone Age. “O que me mantém é o contato com o inferno”, abre a letra. Lá pelo meio a melodia acelera e empolga: “Então um viva à insensatez”.

Boas guitarras abrem Glória, que é mais leve que as duas anteriores, e traz outra de letra excelente: “Eu sei que o mundo não comporta mais deuses / E sei que o amor não me suporta mais vezes”. O segundo trecho é matador: “Prefiro morrer sob o sol de cerrado / A ter que dizer o que eu tinha pensado / Sobre os murros que seus olhos pedem / E sobre as rugas que você me tece”. Atriz começa lenta e explode em barulho. Fala de suicídio, confiança e sinceridade.

Ensaio Sobre Poligamia traz bons riffs de guitarra, bateria marcada e letra direta: “Nós só viemos pra nos divertir / Deus, eu quis ser fiel a você / Mas eu tenho tantos corações / Eu tenho tantos corações”. Vendedor de Rins traz um dos começos mais lentos do álbum e uma letra a ser descoberta, enaltecendo o lado bom de um vendedor de rins. S.O.S. tem bateria quebrada e letra simples: “É bem mais fácil se eu mentir / Ninguém vale o outro mas a culpa é igual”. Bons vocais e muitas guitarras no meio.

Matusalém segue na linha das duas faixas de abertura. Guitarras ensurdecedoras, bateria brigando por destaque, vocal enterrado na mixagem. Angelus é a primeira conduzida por teclados, que mais fazem a cama do que conduzem, ao contrário de Aurora Prisma, o disco anterior. Porém, no clima Grandes Infiéis, a música ganha corpo e emociona. Fala sobre Deus, tem vocais anos 60, mas me lembro muito Clube da Esquina. Funciona, e bem.

Nada Sério é construída sobre piano e guitarras. Assim como outras no álbum, começa suave e explode no final. Convênio começa com um bom riff de guitarra, mas a bateria insiste em martelar pesada nos dois lados do fone. “Nos traga inverno ou outono, tanto faz, é no verão que chove mais”, diz a letra. Os violões, acompanhados por uma arranjo de cordas, marcam presença em Ok, Ok, faixa que encerra Grandes Infiéis de forma épica: “Sobrou pra mim / A felicidade sempre ofende / Mas tristeza demais cansa / Bem, que se fodam os ofendidos!”.

Antipopular, bem gravado e genial, Grandes Infiéis exibe uma banda madura, que soube criar um excelente repertório próprio, e não cochila sobre elogios. Quem esperava um Aurora Prisma 2 deve estar se sentindo enganado. Tudo bem. Estamos exatamente diante de um pequeno tratado sobre mentiras (de amigos, de religiões, de nós mesmos) envolto em 44 minutos de boas guitarras, baterias marcantes e letras excelentes. É preciso coragem para perdoar. É preciso perdoar para seguir em frente. Sinta-se em casa.

 

 

Confira esta cassetada clicando neste link – > http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=pd9d115200820371

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Casa Flutuante – A Terra é Nossa Casa Flutuante (2003)

maio 1, 2008 at 8:43 pm (Casa Flutuante, Música Brasileira)

https://i0.wp.com/tramavirtual.uol.com.br/img/content/cd/9205.jpg

Formada originalmente em 2003, a Casa Flutuante foi montada pelos dissidentes do grupo alagoano Mopho, Júnior Bocão (baixo e voz) e Hélio Pisca (bateria), que já havia figurado no cenário nacional com o homônimo disco Mopho, lançado pelo lendário selo paulistano Baratos Afins.

Em janeiro de 2004, a Casa Flutuante lança o disco de estréia intitulado “A Terra É Nossa Casa Flutuante”. Com produção independente, o disco, que faz uma síntese do tropicalismo com arranjos de cordas e metais, conta com uma pitada de surrealismo e uma veia pop, recebeu ótimas críticas em veículos da mídia nacional, como por exemplo do JB On-line, da Revista MTV e da aclamada Revista Bravo, cujo texto foi assinado pelo próprio editor chefe, Marcos Frenette.

No mesmo ano, a Casa Flutuante iniciou a divulgação do primeiro disco e mudou-se para São Paulo, e, após vários shows pela paulicéia o grupo é reformulado. Hélio Pisca deixa a banda e cede lugar para Michel Campos na bateria. Leandro Delpech se integra a Casa em seguida, assumindo as guitarras e violões.

Em fevereiro de 2006, o grupo foi recebido por Sérgio Dias. Em seu estúdio, o mestre declara simpatia pelo som, fato que impulsionou a Casa Flutuante a seguir firme no difícil solo da música no Brasil, reescrevendo a história vivida por tantos outros que lutaram pela boa música no Brasil.

“A gente prima pela sofisticação melódica, herança do rock brazuca do final dos anos sessenta, e passeia por vários gêneros – como o blues, psicodelía sessentista e o rock progressivo dos anos 70 – transbordando estas influências em nossas canções e arranjos”, explica Bocão.

Após ter pecorrido o circuito e tocado em lugares consagrados pela galera alternativa, como FunHouse, Milo Garage, Outs, Studio SP, Centro Cultural São Paulo, V2, Saracura, Porão Rock Clube (PR) e Festival Psicodália (SC), o trio está em fase de produção de seu segundo disco, que deve contar com muito rock’n’roll, psicodelía e levadas pop. Ingredientes com os quais o grupo tem se destacado no cenário da música indie brasileria.

Paula Góes
Confira o disco clicando no link –http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=ris015200822610

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Violins – Aurora Prisma (2003)

abril 25, 2008 at 12:25 pm (Música Brasileira, Violins)

https://i0.wp.com/www.pensamentoscirculares.blogger.com.br/cover-auroraprisma-big.jpg

A exceção reina neste espaço. Sempre há bons motivos pra exceções. É o caso desta banda sensacional de Goiânia, Violins. Há muito que eu ouvia falar deles. O terceiro disco, Tribunal Surdo, considerado sua obra-prima, figurava em todas as listas de melhores do ano em 2007. Mas mesmo assim não tinham me chamado a atenção. Então, no início de 2008, Bruno Cupertino e seus comparsas lançaram a Redenção dos Corpos, disco conceitual, dividido em duas partes. Baixei a primeira parte e mais uma vez não me seduziu à primeira audição. Mas ficou pendente na minha coleção a segunda parte do disco. Coisa que eu sou meio encanado é ficar com obras incompletas no HD. Mesmo que as possua apenas para registro. E então, na semana passada, baixei o que faltava da Redenção dos Corpos e, depois de ler muitos elogios ao disco e à banda, resolvi carregar no MP3 pra mais uma tentativa. O que aconteceu depois é que faz uma semana que não ouço outra coisa. Baixei os outros 3 disco da banda, a começar pelo primeiro Aurora Prisma, que é totalmente diferente dos demais, e é o meu preferido até agora. Lembra-me A tempestade da Legião Urbana, pela melancolia. É um disco sensacional que vocês vão poder conferir. Na minha humilde opinião, não há banda de rock em atividade no Brasil mais interessante que o Violins.

Confira: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=k2a3244200817584

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Supercordas – Não sei se posso ir caçar rã

abril 21, 2008 at 10:34 am (Supercordas, Vídeos)

Música inédita dos Supercordas no projeto Música de Bolso, que traz bons nomes tocando em lugares inusitados. Tem o Arnaldo Antunes tocando dentro duma vala numa obra. Interessantíssimo!!

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Comentem minha gente!!!!

abril 17, 2008 at 6:58 pm (Música Brasileira)

Agradeço pelas visitas, espero que todos estejam aproveitando o conteúdo do blog. Mas é preciso que eu saiba da opinião de vocês. Sugestões, criticas e dúvidas à respeito de qualquer assunto serão sempre bem-vindas. Estou preparando os próximos posts e devo seguir com discos internacionais, sempre aberto a exceções, é claro. Tem muita coisa boa pela frente, podem ter certeza. Obrigado mais uma vez.

Abraço e serenidade a todos

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Revolução do Blogs

abril 13, 2008 at 10:27 pm (Resenhas & afins)

Há aproximadamente dois anos começaram a surgir diversos blogs postando música para serem baixados pela internet. Tem para todos os estilos musicais. Uma fantástica revolução musical invadindo a grande a rede de computadores.

Trata-se de uma espécie de “anarquismo pós-moderno” que está possibilitando que a gente consiga ter acesso a discos que imaginávamos jamais ouvir. Isso porque as grandes gravadoras não têm interesse em relança-los em cd, acreditando que os mesmos não terão muita procura. Com isso, lendárias discos da música brasileira e mundial, foram esquecidos nos depósitos dessas gravadoras, quando não tiveram suas cópias originais incineradas.

Mas aí surgiram muitas pessoas idealistas e abnegadas que estão prestando um grande favor à música contemporânea. Eles fazem a conversão das músicas do antigo e fabuloso vinil para a linguagem MP3 e disponibilizam esses discos gratuitamente através da internet.

Esse movimento é mundial e, portanto, verdadeiros fenômenos musicais relegados ao esquecimento estão sendo resgatados das estantes de todas as partes do mundo e surgindo “mais novos” do que nunca em nossos computadores. Trata-se de um trabalho magnífico que desafia a lógica do capitalismo moderno que descarta o passado em favor dos lançamentos recentes, a maioria, de gosto duvidoso. Por isso, pérolas do passado são abandonados pelas gravadoras. Daí a importância dos chamados “blogueiros”, afinal, estão preservando a memória musical do século XX.

Vou me ater a comentar, especialmente, sobre os blogs especializados em música brasileira. Quando eu iniciei o processo de “aquisição” de discos através desse mecanismo, baixava música de todos os estilos. Eu e dois amigos, Rafael e Manoel, havíamos criado a rádio virtual – http://www.radioweb.bocalivre.org – Nos primeiros dez meses de trabalho com a rádio a gente tocava música do mundo todo. Depois decidimos nos dedicar à grande música brasileira. Foi uma decisão muito difícil, pois acreditamos que esta manifestação artística não tem bandeira. A música transcende as fronteiras geográficas e idiomáticas. Mas nos lembramos de Alberto Caeiro:

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.” (Alberto Caeiro – Heterônimo de Fernando Pessoa)

Então, a partir desse momento decidimos tocar somente música brasileira. No início foi estranho, mas depois percebemos que havíamos feito a melhor escolha. Antes a gente não tinha uma identidade. Mas tocando apenas música brasileira, pudemos nos aprofundar nas pesquisas. Melhor pra mim que, desde o início das minhas aquisições de discos de vinil há vinte e cinco anos atrás, ficara muito claro minha preferência pela música brasileira. Portanto, ao longo de quase três anos, Boca Livre se tornou um verdadeiro celeiro dos grandes talentos musicais do Brasil que se verifica em sua da enorme diversidade de ritmos.

Mas grande revolução na Boca Livre aconteceu, de fato, quando descobri, em meados do ano de 2006, o primeiro blog que postava música brasileira. Desde então, baixei muitas pérolas da música brasileira e conheci outros tantos blogs fantásticos. Os cinco mais feras estão na página principal do site da rádio. Quando os escolhi, não estava, de maneira alguma depreciando os demais. No entanto, os blogs Som Barato, Um Que Tenha, Cápsula da Cultura, Loronix, Música da Boa e Abracadabra são extremamente profissionais, em detrimento de realizarem esse trabalho sem nenhuma remuneração. Isso é que torna o fenômeno dos blogs algo extraordinário. Assim como a rádio Boca Livre, nosso maior objetivo é possibilitar que a grande música Tupiniquim chegue à população brasileira e ao resto do mundo.

Os blogs são responsáveis pelo novo fenômeno da revitalização da música brasileira. Muitos artistas praticamente desconhecidos do grande público, inicialmente, reclamaram seus “direitos autorais” por terem seus discos postados na internet pelos blogueiros. Mas para surpresa de muitos deles, quando foram fazer shows em cidades que imaginavam que quase ninguém os conhecia, perceberam muita gente cantando suas músicas. Isso só aconteceu devido ao trabalho dedicado dos nossos grandes parceiros, criadores dos blogs.

O meu objetivo com esse artigo era agradecer e enfatizar a importância desses blogs em minha vida, bem como para a rádio Boca Livre e, creio, pra muita gente que acessa a nossa rádio. Em apenas um ano e meio tive acesso à tesouros da música brasileira que tanto sonhava e que, jamais encontrei em “Sebo” algum. Outras vezes, quando me deparava com algum deles, simplesmente, não tinha dinheiro para pagar a fortuna pedida pelos donos dos sebos. Hoje, não apenas eu desfruto desses discos, mas os compartilho com os parceiros da rádio Boca Livre.

O melhor dessa descoberta dos blogs não foi apenas ter conseguido baixar discos que tanto sonhei, mas conhecer dezenas de grandes músicos brasileiros que jamais ouvira falar. A lista é enorme, mas cito três que me marcaram profundamente: os geniais Moacir Santos, Laurindo Almeida e Kátia de França.

Obrigado a todos os blogueiros que dedicam um tempo precioso de suas vidas em favor da música, especialmente, a nossa grande música brasileira. Muitíssimo obrigado!!!

 Texto de Marquinho Carvalho extraído de http://www.capsuladacultura.com.br/blog/

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