Violins – Aurora Prisma (2003)

abril 25, 2008 at 12:25 pm (Música Brasileira, Violins)

https://i0.wp.com/www.pensamentoscirculares.blogger.com.br/cover-auroraprisma-big.jpg

A exceção reina neste espaço. Sempre há bons motivos pra exceções. É o caso desta banda sensacional de Goiânia, Violins. Há muito que eu ouvia falar deles. O terceiro disco, Tribunal Surdo, considerado sua obra-prima, figurava em todas as listas de melhores do ano em 2007. Mas mesmo assim não tinham me chamado a atenção. Então, no início de 2008, Bruno Cupertino e seus comparsas lançaram a Redenção dos Corpos, disco conceitual, dividido em duas partes. Baixei a primeira parte e mais uma vez não me seduziu à primeira audição. Mas ficou pendente na minha coleção a segunda parte do disco. Coisa que eu sou meio encanado é ficar com obras incompletas no HD. Mesmo que as possua apenas para registro. E então, na semana passada, baixei o que faltava da Redenção dos Corpos e, depois de ler muitos elogios ao disco e à banda, resolvi carregar no MP3 pra mais uma tentativa. O que aconteceu depois é que faz uma semana que não ouço outra coisa. Baixei os outros 3 disco da banda, a começar pelo primeiro Aurora Prisma, que é totalmente diferente dos demais, e é o meu preferido até agora. Lembra-me A tempestade da Legião Urbana, pela melancolia. É um disco sensacional que vocês vão poder conferir. Na minha humilde opinião, não há banda de rock em atividade no Brasil mais interessante que o Violins.

Confira: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=k2a3244200817584

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Supercordas – Não sei se posso ir caçar rã

abril 21, 2008 at 10:34 am (Supercordas, Vídeos)

Música inédita dos Supercordas no projeto Música de Bolso, que traz bons nomes tocando em lugares inusitados. Tem o Arnaldo Antunes tocando dentro duma vala numa obra. Interessantíssimo!!

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Comentem minha gente!!!!

abril 17, 2008 at 6:58 pm (Música Brasileira)

Agradeço pelas visitas, espero que todos estejam aproveitando o conteúdo do blog. Mas é preciso que eu saiba da opinião de vocês. Sugestões, criticas e dúvidas à respeito de qualquer assunto serão sempre bem-vindas. Estou preparando os próximos posts e devo seguir com discos internacionais, sempre aberto a exceções, é claro. Tem muita coisa boa pela frente, podem ter certeza. Obrigado mais uma vez.

Abraço e serenidade a todos

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Revolução do Blogs

abril 13, 2008 at 10:27 pm (Resenhas & afins)

Há aproximadamente dois anos começaram a surgir diversos blogs postando música para serem baixados pela internet. Tem para todos os estilos musicais. Uma fantástica revolução musical invadindo a grande a rede de computadores.

Trata-se de uma espécie de “anarquismo pós-moderno” que está possibilitando que a gente consiga ter acesso a discos que imaginávamos jamais ouvir. Isso porque as grandes gravadoras não têm interesse em relança-los em cd, acreditando que os mesmos não terão muita procura. Com isso, lendárias discos da música brasileira e mundial, foram esquecidos nos depósitos dessas gravadoras, quando não tiveram suas cópias originais incineradas.

Mas aí surgiram muitas pessoas idealistas e abnegadas que estão prestando um grande favor à música contemporânea. Eles fazem a conversão das músicas do antigo e fabuloso vinil para a linguagem MP3 e disponibilizam esses discos gratuitamente através da internet.

Esse movimento é mundial e, portanto, verdadeiros fenômenos musicais relegados ao esquecimento estão sendo resgatados das estantes de todas as partes do mundo e surgindo “mais novos” do que nunca em nossos computadores. Trata-se de um trabalho magnífico que desafia a lógica do capitalismo moderno que descarta o passado em favor dos lançamentos recentes, a maioria, de gosto duvidoso. Por isso, pérolas do passado são abandonados pelas gravadoras. Daí a importância dos chamados “blogueiros”, afinal, estão preservando a memória musical do século XX.

Vou me ater a comentar, especialmente, sobre os blogs especializados em música brasileira. Quando eu iniciei o processo de “aquisição” de discos através desse mecanismo, baixava música de todos os estilos. Eu e dois amigos, Rafael e Manoel, havíamos criado a rádio virtual – http://www.radioweb.bocalivre.org – Nos primeiros dez meses de trabalho com a rádio a gente tocava música do mundo todo. Depois decidimos nos dedicar à grande música brasileira. Foi uma decisão muito difícil, pois acreditamos que esta manifestação artística não tem bandeira. A música transcende as fronteiras geográficas e idiomáticas. Mas nos lembramos de Alberto Caeiro:

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.” (Alberto Caeiro – Heterônimo de Fernando Pessoa)

Então, a partir desse momento decidimos tocar somente música brasileira. No início foi estranho, mas depois percebemos que havíamos feito a melhor escolha. Antes a gente não tinha uma identidade. Mas tocando apenas música brasileira, pudemos nos aprofundar nas pesquisas. Melhor pra mim que, desde o início das minhas aquisições de discos de vinil há vinte e cinco anos atrás, ficara muito claro minha preferência pela música brasileira. Portanto, ao longo de quase três anos, Boca Livre se tornou um verdadeiro celeiro dos grandes talentos musicais do Brasil que se verifica em sua da enorme diversidade de ritmos.

Mas grande revolução na Boca Livre aconteceu, de fato, quando descobri, em meados do ano de 2006, o primeiro blog que postava música brasileira. Desde então, baixei muitas pérolas da música brasileira e conheci outros tantos blogs fantásticos. Os cinco mais feras estão na página principal do site da rádio. Quando os escolhi, não estava, de maneira alguma depreciando os demais. No entanto, os blogs Som Barato, Um Que Tenha, Cápsula da Cultura, Loronix, Música da Boa e Abracadabra são extremamente profissionais, em detrimento de realizarem esse trabalho sem nenhuma remuneração. Isso é que torna o fenômeno dos blogs algo extraordinário. Assim como a rádio Boca Livre, nosso maior objetivo é possibilitar que a grande música Tupiniquim chegue à população brasileira e ao resto do mundo.

Os blogs são responsáveis pelo novo fenômeno da revitalização da música brasileira. Muitos artistas praticamente desconhecidos do grande público, inicialmente, reclamaram seus “direitos autorais” por terem seus discos postados na internet pelos blogueiros. Mas para surpresa de muitos deles, quando foram fazer shows em cidades que imaginavam que quase ninguém os conhecia, perceberam muita gente cantando suas músicas. Isso só aconteceu devido ao trabalho dedicado dos nossos grandes parceiros, criadores dos blogs.

O meu objetivo com esse artigo era agradecer e enfatizar a importância desses blogs em minha vida, bem como para a rádio Boca Livre e, creio, pra muita gente que acessa a nossa rádio. Em apenas um ano e meio tive acesso à tesouros da música brasileira que tanto sonhava e que, jamais encontrei em “Sebo” algum. Outras vezes, quando me deparava com algum deles, simplesmente, não tinha dinheiro para pagar a fortuna pedida pelos donos dos sebos. Hoje, não apenas eu desfruto desses discos, mas os compartilho com os parceiros da rádio Boca Livre.

O melhor dessa descoberta dos blogs não foi apenas ter conseguido baixar discos que tanto sonhei, mas conhecer dezenas de grandes músicos brasileiros que jamais ouvira falar. A lista é enorme, mas cito três que me marcaram profundamente: os geniais Moacir Santos, Laurindo Almeida e Kátia de França.

Obrigado a todos os blogueiros que dedicam um tempo precioso de suas vidas em favor da música, especialmente, a nossa grande música brasileira. Muitíssimo obrigado!!!

 Texto de Marquinho Carvalho extraído de http://www.capsuladacultura.com.br/blog/

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Rufus Wainwright – Want One & Want Two

abril 10, 2008 at 4:56 pm (Música Brasileira, Rufus Wainwright)

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Rufus McGarrigle Wainwright (nascido em 22 de julho de 1973) é um cantor e compositorcanadenseamericano. Desde 1998 Wainwright gravou cinco álbuns de canções originais, alguns EPs e várias canções que fizeram parte da trilha-sonora de populares filmes.

Curiosidades:

§ Wainwright se assumiu como homossexual quando ainda era adolescente. Na edição de 11 de novembro de 1999 da revista Rolling Stone, ele disse que seu pais sabiam que ele era gay, porém não sabiam como tratar do assunto e nunca conversaram sobre isso.

§ Aos quatorze anos, Wainwright foi roubado e estuprado no Hyde Park de Londres após sair de um bar com um homem. Ele permaneceu celibatário por sete anos após o incidente. Em uma entrevista recente disse ter sobrevivido por ter fingindo ter um ataque de epilepsia.

§ Se internou em uma clínica de reabilitação após assumir seu vício em metanfetamina. Lá se desintoxicou e fez terapia.

§ A canção “Tudo Se Perdeu” do álbum SóNós de Paula Toller é uma versão em português de “Vicious World” do álbum Want One (2004). De acordo com o jornal O Globo, Wainwright “aprovou a letra em português e deu parceria para Paula”. [1]

Rufus Wainwright – Want One

https://i0.wp.com/images.amazon.com/images/P/B0000C7PSW.01.LZZZZZZZ.jpg

Confira: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=0eiq1042008165037

Rufus Wainwright – Want Two

https://i0.wp.com/img.verycd.com/posts/0606/post-331610-1149705826.jpg

Confira:http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=dtf610420081934

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Agradecimentos & Problemas

abril 6, 2008 at 1:58 pm (Música Brasileira)

Amigos leitores-baixadores

Primeiramente, gostaria de agradecer a todos que tem dado as caras por aqui neste inicio de empreitada, as visitas de vocês têm sido o combustível que alimenta este blog. Em segundo lugar, todos já devem ter notado que estou enfrentando alguns problemas com relação à formatação das postagens, exibição de imagens, etc. E por esse motivo estou pensando em “mudar” o blog para outro servidor, provavelmente Blogspot ou Arteblog, mas isso é apenas um projeto, considerando que o meu tempo ultimamente está contadinho. De qualquer forma, mesmo que faça a mudança, pretendo manter oqueandoouvindo.wordpress.com por algum tempo, afim de que ninguém se perca… E é claro, manterei-os informados sobre qualquer mudança. Continuem apreciando oqueandoouvindo.wordpress.com, que agora deixa um pouco de lado as obras nacionais para uma excursão por este globo sonoro chamado planeta terra. Obrigado mais uma vez. A gente se encontra em marte…

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Os The Darma Lóvers – Discografia

abril 6, 2008 at 1:24 pm (Música Brasileira, Os The Darma Lóvers)

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A banda Lóver começou como dupla, quando Nenung & Yang Zam colaram as vozes no finalzinho de 1999. A partir dali, participaram muitos amigos: Frank Jorge, Maurinho, Moreyra…. Mas a primeira chegada efetiva de reforços veio com o Thiago Heinrich, vindo da pacata (!) Parobé – pertinho de Três Coroas – baixista, pianista & guitarrista bom D+.

Em 2002, veio ao mundo o 2º CD, e na produção lá estava o guitarrista que procurávamos > 4Nazzo. Na seqüência, em 2005, após a saída do retiro, chegamos ao Sassá, grande percurssionista, que de convidado, passou a ser indispensável.

Temos também a nossa banda versão carioca, com Kassin, Moreno, Domênico & Pedro Sá, e o time paulista, com Sandro Garcia e Carla Matsumoto … pras ocasiões em que subimos como dupla. Nosso bom carma, tanta gente incrível ao nosso redor… (texto extraído do site oficial da banda: http://www.darmalovers.com/)

Pode isso ? Uma dupla de praticantes do budismo tibetano , morando no alto de um morro ao lado de um Templo Budista tradicional no interior do Rio Grande do Sul decidem fazer música a partir de suas experiências meditativas , mixando blues , mpb , psicodelia , tropicália , rock´n´roll e algo mais .

Surgem daí Os the Darma Lóvers criando o assim chamado ZEN ROCK ,em um formato pop/universal para inspirar relaxamento e reflexão com humor , estilo e poesia .

Parceiros de vida , Yang Zam (Voz e guitarra & incensos) & Nenung (Voz,harmônica e violão) descobriram que suas vozes eram tão afinadas quanto suas intenções , levaram adiante o projeto musical-meditativo no início do ano 2000 , quando então lançaram seu 1º Cd –homônimo :”Os the Darma Lóvers” seguido do disco “Básico” em 2002 .

No momento em que o crescimento da banda se fazia óbvio vem o convite de seu professor ,o precioso Lama tibetano Chagdud Rinpoche para Nenung entrar em um retiro formal de meditação durante quase dois anos . A banda faz uma “breve“ saída de cena e volta à estrada como quinteto em 2005 , com a entrada de 4Nazzo (ex-De Falla )na guitarra , Thiago Heinrich -baixo e piano- e Sassá na percurssão , com seu trabalho se expandindo incessantemente , três Cds lançados , duas canções gravadas recentemente pelo guitarrista Dado Villa-lobos (ex-Legião Urbana ) , assim como o lançamento na Europa pelo sêlo Francês Nacopajaz(www.nacopajaz.fr) ainda em 2007 .

Ah,sim… porque Os the Darma Lóvers :

Darma = o conjunto de ensinamentos deixados pelo Buda

Lóvers = amantes …

the = por ser a marca registrada de quaaase todas bandas que os Dl´s amam:

the Rolling Stones ,the Beatles , the Who…

Os = pra ficar claro que são brasileiros e cantam em português, ora !

FORMAÇÃO — NG – Violão
Yang Zam – Voz
4Nazzo – Guitarra
Thiago Heinrich – Baixo
Sassá – Percussão

Confira então a discografia de mais esta grande banda do cenário nacional no terceiro milênio:

Os The Darma Lóvers – 2001

Confira o disco: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=yc5c44200815139

Básico – 2002

https://i0.wp.com/images.americanas.com.br/produtos/item/135/6/135639p1.jpg

Confira o disco: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=9paa442008191535

Laranjas do Céu – 2005

[laranjas.jpg]

Confira o disco: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=atjs442008195638

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Karma (1972)

abril 4, 2008 at 2:11 pm (Karma, Música Brasileira)

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 Esquecido num sítio na periferia do Rio, o compositor, guitarrista e fundador de O Terço e do Karma, Jorge Amiden, tenta recuperar a saúde abalada pelo uso de drogas e das (pouquíssimas) viagens que fez com LSD no início dos anos 1970. “Foram muito boas, mas custei a voltar delas”, diz o nosso afável Syd Barrett. Jorge é o compositor da inesquecível ‘Tributo ao Sorriso’ (em parceria com Hinds) e de tantas outras canções geniais do repertório de O Terço (1970 a 1971) e do Karma (1972). Era ele o principal arquiteto dos vocais harmoniosos de ambas as bandas. Além do mais, gravou um antológico LP com o Karma, participou do disco ‘Sonhos e Memórias’ de Erasmo Carlos e integrou a banda de Milton Nascimento. Depois, com o cérebro golpeado, se afastou dos palcos. Seguiu-se, então, um longo e indesejável ostracismo. Mas Jorge quer voltar, quer a música “viva” de volta a sua vida. E nós, órfãos de sua brilhante musicalidade, torcemos para que ele encontre o fio da meada, a luz no fim do túnel, a glória de um final fez.

Após romper com O terço, Amiden logo encontrou novos parceiros. Com Luiz Mendes Junior (violão e vocal) e Alen Cazinho Terra (baixo e vocal), irmão de Renato Terra, o guitarrista daria início a sua trajetória de pouco mais de um ano como líder do Karma. Ramalho Neto, da RCA, não teve dúvidas em contratar a banda antes mesmo de ouví-la. Reconhecia o talento de Amiden e antevia um belo disco do Karma para a RCA.

E foi o que aconteceu. Pouco tempo depois, a RCA distribuía na praça o LP homônimo do Karma, uma obra antológica que merece constar de qualquer lista dos melhores discos da história do rock brasileiro. Com uma sonoridade predominantemente acústica servindo de base para a primorosa vocalização do trio, ‘Karma’ é recheado de canções brilhantes, como ‘Do Zero Adiante’ (Amiden e Mendes Junior), ‘Blusa de Linho’ (Amiden e Rodrix) e a revisitada ‘Tributo Ao Sorriso’ (Amiden e Hinds). Esta, levada quase até seu final em a capela, servia para realçar ainda mais a força vocal do conjunto. Vale destacar a participação do baterista Gustavo Schroeter (então integrante da Bolha), que ajudou a abrilhantar o disco com sua batida sempre consistente, arrojada e precisa.

E foi com Gustavo na bateria que o Karma fez o show de lançamento do disco no Grajaú Tênis Clube. Lamentavelmente, este pequeno tesouro concebido por Amiden jamais foi reeditado. Possivelmente hiberna nos arquivos da RCA desde o seu lançamento, em 1972, como hibernam tantas outras obras importantes nos arquivos das gravadoras brasileiras.

Em sua curta vigência sob a liderança de Amiden, o Karma ainda participou do VII Festival Internacional da Canção Popular, em setembro de 1972. Foi quando defendeu ‘Depois do Portão’ (Amiden e Mendes Junior). Em 1973, nos primeiros meses do ano, durante um show no Clube de Regatas Icaraí, em Niterói, depois de misturar bebida com drogas, Amiden perde o controle do próprio cérebro. O solo de guitarra parece interminável… Depois, sentado à beira da praia com Mário, se perde em plano existencial paralelo, vagando inseguro e solitário pelo lado escuro da lua.

Jorge só encontra a saída do enovelado e desconhecido labirinto no dia seguinte, quando percebe que o mundo não é mais o mesmo, o Karma não é mais o mesmo, a música não é mais a mesma…E nem sua vida seria mais a mesma. Dos palcos, se afasta…para na calma do tempo, quem sabe uma luz como guia, em dado momento, conceda algum dia seu retorno sereno. (Texto de Nélio Rodrigues) 

 

Confira o disco: http://www.mandamais.com.br/download/?codigo=smyu44200813479

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Wado – Terceiro Mundo Festivo (2008)

abril 1, 2008 at 6:57 pm (Música Brasileira, Wado)

              Tup

  Meu primeiro contato com “Terceiro Mundo Festivo”, quarto álbum do cantor e compositor Wado, se deu no final de agosto de 2006. Ainda acompanhado pelo grupo Realismo Fantástico, Wado se apresentou ao vivo no Studio SP, em São Paulo, tocando algumas canções novas e, principalmente, entortando as velhas com alfinetas de eletrônica que marcavam seu retorno aos samplers e beats via mpc. Em um bate papo na época ele avisava: “‘Terceiro Mundo Festivo’ trata do uso da eletrônica pelo terceiro mundo, de como as adversidades formularam uns métodos e sonoridades específicas”.

Após um longo período de gestação, mudanças de capitais – Wado saiu de São Paulo, foi para o Rio, montou o Fino Coletivo com um galera estilosa, deixou o grupo após o lançamento do bom CD homônimo e voltou para Maceió, onde reside novamente – e experimentações sonoras, “Terceiro Mundo Festivo” finalmente chega em formato MP3 com download gratuito no site do artista. “O disco é independente e poderá ser downloadeado sem restrições. Fora isso prensei (uma tiragem) em SMD, mídia que tem o preço final pro consumidor a R$ 5″, contou em papo com Lucas Santtana, que lançou um álbum também livre para download.

O download livre é algo que Wado vem defendendo já faz um bom tempo. Seus três álbuns anteriores (”Manifesto da Arte Periférica”, “Cinema Auditivo” e “A Farsa do Samba Nublado”) já estão liberados faz mais de dois anos. “Terceiro Mundo Festivo” se junta à esta discografia particular acrescentando ainda mais flagrantes do modo totalmente peculiar do compositor enxergar a música composta longe demais das capitais, manifesto das periferias de um imenso Brasil sem nome, lenço e nem documento, mas que respira música que, antigamente, nascia de batidinhas em caixinhas de fósforo, e agora surge em estúdios caseiros, com microfones baratos e pouco conhecimento técnico, mas com muita urgência, energia e gana.

Para adentrar ao território deste “Terceiro Mundo Festivo” é preciso se desamarrar de expectativas. “A Farsa do Samba Nublado”, álbum anterior, arranhava a perfeição amparado em sambas tortos, violão encharcado de wah-wah e muita melancolia. Quase não há violões presentes em “Terceiro Mundo Festivo” (o instrumento está lá no fundo, distante, escondido na mixagem). A estética sonora que Wado começara a apresentar desde aquele no show no Studio SP, em agosto de 2006, e que foi se adaptando e fortalecendo durante um ano e meio, é centrada em uma nova formação de banda com baixo, bateria, programações e teclados, mais um cello aqui, uma flauta transversal ali, para dar um charme.

O disco abre com “Pendurado”, faixa que fala sobre liberdade, destino e morte: “Olha ali sou eu, pendurado no fio desencapado do poste de alta tensão”, canta Wado sobre uma base de bateria seca, vocalizações femininas (Cris Braun, Jan Aline e Mirian Abs) e clima ensolarado. A liberdade volta a ser citada no delicioso samba eletrônico “Fortalece Aí”, que se ampara em Martinho da Vila e Rui Monteiro enquanto o refrão pede de forma urgente: “Fortalece Aí, meu coração, daquela força, meu coração”. Um cello pontua o final da canção de forma comovente.

Duas canções já vinham se destacando nas apresentações ao vivo de Wado de dois anos pra cá: a pornográfica “Teta” e a politizada “Reforma Agrária do Ar”. A primeira – do irresistível refrão: “Está guardado pra você amor… aceite, aceite / Está guardado pra você amor… o leite” – permanece sinuosa e dançante, com um q de funk carioca. Já “Reforma Agrária do Ar”, que versa sobre a concessão das rádios públicas, abre com uma voz atolada em efeitos, recupera o vocoder, tem clima de reggaeton no refrão empolgante e crava: “Grita pra acontecer, urge de urgência, assim irá prevalecer a reforma agrária do ar / É contra o artista mudo / é contra o ouvinte surdo / é contra o latifúndio das ondas do rádio”.

O samba torto – com inflexões afoxé e reggaeton – ainda inspira o romantismo de “Leva” (diz o refrão: “Eu canto e peço a todo santo: me leva onde você espera”), da ótima “Recado” (que abre provocando: “Ela adora me fazer chorar / Que palavras eu devo usar? / Uma que encaixe em seu quadril”) e a empolgante “Faz Me Rir”, uma das canções do álbum que mais remetem a coisas que Wado já fez anteriormente (e que soa como um híbrido da urgência de “Manifesto da Arte Periférica” com pitadas da melancolia de “A Farsa do Samba Nublado”).

Duas canções saltam aos ouvidos e batem forte no lado esquerdo do peito. “Melhor” traz um violoncelo jogando confetes sobre um mantra eletrônico de baixo, bateria e teclado. Na letra, o personagem tenta formar um novo eu que agrade ao seu par. “Eu quis mudar pra você ver / Que nem sempre é tão difícil a gente perceber / Se estou melhor, quem vai saber? / Se o que eu fiz foi para agradar você”. O refrão é algo que gruda na primeira audição e vai te acompanhar por dias a fio: “Olha meu novo sapato / Estou de fato tentando me adequar / ao seu cabelo, ao seu modelo”. Uma pérola pop.

Já “Fita Bruta” é uma daquelas canções que já nascem clássicas. Versa sobre os mecanismos da indústria (como se fosse uma “Cadê Teu Suin?”, do Los Hermanos, vista por outro ângulo) e aprofunda a crítica – de forma genérica – ao próprio autor, que se censura na hora da criação. Não à toa, usa palavrões e explicita formas de sedução necessárias para se sobreviver no showbusiness: “Ficamos na fita bruta que algum filho da puta decupou / Não entramos na comédia e é preciso fazer média com o maldito diretor / (…) Não entramos na novela, nem precisa acender vela que o roteiro já fechou / Me disseram que é uma bosta, mas que todo mundo gosta do mocinho sofredor / E esta é a maior censura, essa que não tem cura, que nasce dentro do autor”.

Quem vem acompanhando a carreira deste catarinense (de nascimento, alagoano de coração) não irá ficar surpreso com a qualidade de “Terceiro Mundo Festivo”. O disco soa como uma continuação de “Manifesto da Arte Periférica” – sem negar olhares para “Cinema Auditivo” e “A Farsa do Samba Nublado”, este último, principalmente, nas letras – e abre muitas possibilidades para a música brasileira, desde sua sonoridade bem resolvida (o disco foi todo gravado em Maceió) até sua forma de distribuição gratuita. Neste momento de transição pelo qual a indústria da música está passando, Wado resume de forma perfeita a situação: “Perdemos os talheres e voltamos a comer com as mãos. Temos de nos educar, pois assim fica feio. Acho que todo trabalho deve ser remunerado, e acredito que aos poucos isso vai se restabelecer” (aspas do papo do compositor com Lucas Santtana).

“Terceiro Mundo Festivo” – assim como os três álbuns anteriores do compositor – está liberado para download no endereço oficial de Wado (www2.uol.com.br/wado) e surge com o primeiro grande lançamento da música nacional em 2008. A Internet apagou as fronteiras existentes em mapas entre as grandes capitais mundiais, está derrubando a toda poderosa indústria da música (a tendência é que mais e mais discos cheguem ao público sem passar por grandes conglomerados de entretenimento) e, apesar dos poucos recursos, as novas tecnologias estão permitindo o lançamento de álbuns de qualidade fora dos grandes centros. Periferia, você sabe, é periferia em qualquer lugar. “Terceiro Mundo Festivo” respira o sol de Maceió, namora os blocos africanos de Salvador, seduz São Paulo e Rio de Janeiro e faz festa no coração de todas as capitanias hereditárias para além (e avante) do meridiano de Tordesilhas. É um disco de inspiração terceiro-mundista e vocação cosmopolita, como são os de M.I.A., Timbaland, De Leve, Ali e Vieux Farka Toure, entre muitos outros. A inteligência a favor da arte derrubando fronteiras. Desde já, um dos grandes discos nacionais de 2008. (texto retirado do blog Calmantes com Champagne)

“Terceiro Mundo Festivo”, Wado (Independente)

Preço: R$ 5 (nacional)

Download gratuito: www2.uol.com.br/wado (texto retirado do blog Calmantes com Champagne)

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