Violins – Grandes Infiéis (2005)

maio 11, 2008 at 9:26 pm (Música Brasileira, Violins)

Violins…

Pois não ando ouvindo outra coisa mesmo ultimamente. E como estou bem sem tempo de escrever vou na velha história do Ctrl + C Ctrl + V mesmo, e é claro, com os devidos créditos. Esta resenha foi retirada do site http://www.screamyell.com.br . Na verdade eu recortei-a pois não concordava com as críticas que existiam com relação aos trabalhos anteriores da banda. Virei fã mesmo. Mas não é a tôa. É só dar uma chance e o som da Violins fisga qualquer ser musicalmente obstinado. Em breve os outros dois discos da banda. Aguardem…

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Grandes Infiéis, o terceiro álbum da banda Violins, lançado novamente pela Monstro Discos, clama por atenção. Uma audição das doze faixas já deixa o ouvinte confuso, seja ele fã da banda ou alguém que não dava a mínima atenção ao quinteto. O Violins novamente muda de rumo e preenche o CD com doses violentas de guitarradas, bateria pesada marcando o ritmo e fazendo variações, baixo forte e, sobre tudo isso, o bom vocal de Beto Cupertino desfilando as melhores letras do rock nacional em muito, muito tempo.

A influência primordial ainda é o Radiohead, mas o Violins consegue construir melodias fortes e empolgantes que conseguem baixar a luz sobre a influência e iluminar o bom repertório de um disco que soa musculoso, violento, bem escrito e extremamente antipopular. Sim, antipopular. Primeiro pela temática tabu (traições, infidelidade, mentiras) e depois pela qualidade das letras, que funcionam mesmo sem a melodia. Num País em que Paulo Coelho é recordista de vendas de livros, ser um bom escritor pode não ser lá altamente popular.

Porém, Grandes Infiéis está no nível de outros álbuns antipopulares, como por exemplo Ok Computer e Yankee Hotel Foxtrot, discos difícieis demais para a grande massa, acostumada a quem rima “amor com dor”, mas pequenas obras primas de um mundo hiper-maxi-pessoal-e-minusculo: o dos grandes discos de rock, pequenas jóias musicais. Grandes Infiéis é um trabalho fechado e completo que já se destaca pela belíssima capa, que traz o desenho de uma gaiola aberta, sem o nome da banda nem foto nem título.

Grandes Infiéis abre com duas cacetadas: Hans e Il Maledito. A primeira é explosiva e traz uma parede de guitarras que serve para ambientar o ouvinte pelo que será ouvido nos próximos 44 minutos. “Todos já viram a loucura pura / Eu quis beber pra então sorrir / Mas a dose me fez trair”, canta Beto Cupertino. A bateria de Pierre parece querer disputar destaque com a guitarra de Léo. Il Maledito destaca uma das melhores letras do álbum e uma levada que parece demonstrar que a banda anda ouvindo muito Queens on The Stone Age. “O que me mantém é o contato com o inferno”, abre a letra. Lá pelo meio a melodia acelera e empolga: “Então um viva à insensatez”.

Boas guitarras abrem Glória, que é mais leve que as duas anteriores, e traz outra de letra excelente: “Eu sei que o mundo não comporta mais deuses / E sei que o amor não me suporta mais vezes”. O segundo trecho é matador: “Prefiro morrer sob o sol de cerrado / A ter que dizer o que eu tinha pensado / Sobre os murros que seus olhos pedem / E sobre as rugas que você me tece”. Atriz começa lenta e explode em barulho. Fala de suicídio, confiança e sinceridade.

Ensaio Sobre Poligamia traz bons riffs de guitarra, bateria marcada e letra direta: “Nós só viemos pra nos divertir / Deus, eu quis ser fiel a você / Mas eu tenho tantos corações / Eu tenho tantos corações”. Vendedor de Rins traz um dos começos mais lentos do álbum e uma letra a ser descoberta, enaltecendo o lado bom de um vendedor de rins. S.O.S. tem bateria quebrada e letra simples: “É bem mais fácil se eu mentir / Ninguém vale o outro mas a culpa é igual”. Bons vocais e muitas guitarras no meio.

Matusalém segue na linha das duas faixas de abertura. Guitarras ensurdecedoras, bateria brigando por destaque, vocal enterrado na mixagem. Angelus é a primeira conduzida por teclados, que mais fazem a cama do que conduzem, ao contrário de Aurora Prisma, o disco anterior. Porém, no clima Grandes Infiéis, a música ganha corpo e emociona. Fala sobre Deus, tem vocais anos 60, mas me lembro muito Clube da Esquina. Funciona, e bem.

Nada Sério é construída sobre piano e guitarras. Assim como outras no álbum, começa suave e explode no final. Convênio começa com um bom riff de guitarra, mas a bateria insiste em martelar pesada nos dois lados do fone. “Nos traga inverno ou outono, tanto faz, é no verão que chove mais”, diz a letra. Os violões, acompanhados por uma arranjo de cordas, marcam presença em Ok, Ok, faixa que encerra Grandes Infiéis de forma épica: “Sobrou pra mim / A felicidade sempre ofende / Mas tristeza demais cansa / Bem, que se fodam os ofendidos!”.

Antipopular, bem gravado e genial, Grandes Infiéis exibe uma banda madura, que soube criar um excelente repertório próprio, e não cochila sobre elogios. Quem esperava um Aurora Prisma 2 deve estar se sentindo enganado. Tudo bem. Estamos exatamente diante de um pequeno tratado sobre mentiras (de amigos, de religiões, de nós mesmos) envolto em 44 minutos de boas guitarras, baterias marcantes e letras excelentes. É preciso coragem para perdoar. É preciso perdoar para seguir em frente. Sinta-se em casa.

 

 

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